28/10/11

ampulheta (02 março - 01 abril)


Os nativos deste signo fazem os possíveis para serem funcionários exemplares. Nunca se atrasam nem nunca se adiantam e raramente pedem atestados médicos para poderem repousar uma ou duas semanitas. As suas qualidades laborais são incomparáveis. Se as contas da sua empresa estiverem nas mãos de um Ampulheta, é provável que o barco ainda se aguente por mais algum tempo antes de ir completamente ao fundo (a insolvência da empresa foi provocada por “clientes que se esqueceram de pagar a cento e trinta dias - o conselho de administração oral fez tudo o que estava ao seu alcance para salvar a empresa”). Nunca fazem horas extraordinárias, porque:
1. Não foi isso o combinado quando foi contratado

2. Não precisam de o fazer, dado que são muito eficientes e proactivos.
Não se deixam enganar por promessas falaciosas de aumentos no final do ano e de pagamentos por fora. Quando a esmola é grande, o Amp. desconfia. Têm de ver a cor do dinheiro. O seu 11º Mandamento é:
 -Não aceitarás cheques pré-datados.
Uma das características mais vincadas dos Amp. é a sua obsessão por roupa. Mudam de camisa várias vezes ao dia e fervem de prazer quando o fazem. São capazes de perder a pose ao ponto de abraçar ou até roubar um beijo ao patrão se este usar um fato Armani ou Zegna. Não conseguem ver estafermos mal amanhados. Cuidado leitor! Não faça guizos de valor precipitados, trata-se de uma maleita hereditária. Uma boa parte da população Amp. sofre da síndrome de Brummel: a sua visão filtra naturalmente criaturas mal vestidas ou fora de moda. A sua sensibilidade face à indumentária faz pandam com a sua indiferença perante os que não estão na moda. À noite, veste o robe de seda e fuma a sua cigarrilha blasé, encarnando um Decadentismo algo mascavado.
O Amp. tem a perfeição no gesto, é muito equilibrado nas suas escolhas. É enfadonhamente previsível e tem horror a imprevistos. Se gostou da organização de certa agência de viagens, será seu cliente até morrer, ainda que a Benidortour organize sempre pacotes turísticos para o mesmo destino, todos os anos. Se apreciou o atendimento de um restaurante recomendado por um amigo (que nunca mais lá voltou), é bastante provável que leve lá a namorada ou esposa todas as semanas do ano (para grande rejubilo da consorte). 
Vê-se como uma espécie de vedeta e modelo a seguir no seu pequeno mundo. É uma forma semi-inconsciente de se desligar da sua realidade pequeno-burguesa. Selecciona cuidadosamente o seu círculo de amigos. Categoriza-os de acordo com a sua idade, peso e estatuto social. Gosta de ler revistas femininas que incluam amostras de perfumes e devora best-sellers de capas lustrosas. Não perde uma única comédia romântica e fica sempre muito admirado com a realização de ciclos de cinema independente – “quem é que no seu perfeito juízo pode patrocinar aquilo e, pior ainda, quem é que ainda tem paciência para ver aquilo?”.